domingo, 22 de novembro de 2009

ESPETÁCULO NOCES DE CLOWNS – 23/09/2009 – TEATRO DO SESC

Eu costumo adorar espetáculos com clowns. Acredito que isso ocorre por estes seres significarem para mim um retorno ao mundo ingênuo, mágico, em que tudo pode acontecer, enfim, uma volta à infância. É esse caráter lúdico que tenho sentido falta nos processos de criação cênica, na relação entre os atores, no próprio modo de concepção dos espetáculos... As pessoas costumam se levar a sério demais! Quando vejo uma peça que tenta burlar esse mundo burocrático e carrancudo, de uma certa forma significa uma renovação para mim.
Bom, mas ir ao teatro e assistir a um espetáculo carrega consigo todo um tom subjetivo: deve se considerar o estado emocional do espectador no dia em que este viu a peça. E naquele dia 23 de setembro eu estava realmente cansada, agitada, enfim, acarretando numa não entrega total minha ao enredo apresentado, afinal minha mente ainda se encontrava no mundo real, caótico (mundo este totalmente oposto ao que o universo clownesco propõe). Não posso deixar de considerar esses motivos na “avaliação” do espetáculo. Eu vi dois clowns excelentes, os quais muito me lembraram os palhaços de circo de antigamente (não sei o motivo!), mostrando um mundo extremamente ingênuo e sensível, além de terem o cuidado de interagir com os espectadores de um modo a não ofender ninguém. Em alguns momentos o sorriso estampou meu rosto. Era um riso de nostalgia, talvez. Em outros momentos, me dispersei. No entanto, me alegrava em ver as crianças, o público mais sincero que um ator pode ter, se divertirem muito.
A história, a qual apresentava um clown que queria uma noiva para casar e amar, é universal. Todos procuram amor, ainda mais numa sociedade individualista como a nossa. Tudo era cuidadoso na encenação: o modo com que a dupla de clowns manuseava os elementos cênicos, a iluminação (linda e simples), os figurinos (eram muitas trocas porque eles se transformavam em diversos personagens, como os pais do noivo, o primo, a prima), a concepção dos diferentes quadros apresentados ao longo do espetáculo, até o perfume que eles borrifaram na rosa era agradável (tomando conta de uma boa parte do espaço teatral). As canções de transição entre uma cena e outra eram francesas, dando um tom romântico a elas. Uma ressalva que faço é que a intérprete dessas canções, a qual cantava e tocava um acordeon, transparecia a sua dificuldade em subir e descer os degraus de um altar que ficava no meio do palco, pois a musicista utilizava uma sandália salto-alto. A solução seria deixá-la parada, pois não atrapalharia em nada. Ou o melhor seria se houvesse um clown que fizesse essa trilha sonora ao vivo.
No mais, o espetáculo Noces de Clowns é um retorno ao que há de ingênuo em cada um de nós. Simples, belo, sensível.