domingo, 31 de outubro de 2010

Entrevista de Debora Finochiaro com Rodrigo Monteiro sobre crítica

74° programa - 06 de novembro DE 2010
♫ bom dia Lucia, bom dia caríssimos ouvintes...

“Para mim, até mesmo quando a peça é ruim, vale a pena. É maravilhoso ouvir o burburinho das pessoas, da sensação de saber que há pessoas que estão entrando numa sala de espetáculos pela primeira vez, da abertura das cortinas e dos aplausos no final. O teatro é vivo porque o ator que está no palco é vivo, é humano como nós. Reverenciar quem faz teatro é o primeiro gesto do crítico que só escreve sobre algo que, antes de tudo, vale a escrita. A crítica não vive sem o teatro, mas o teatro vive sem a crítica.”
Rodrigo Monteiro – o mais novo Crítico Teatral da cidade!

E é com alegria que hoje falo sobre seu trabalho:

O blog TEATROPOA nasceu numa Oficina de Crítica Teatral, ministrada pelo jornalista Kil Abreu, hoje da Revista Bravo!, no 15º Porto Alegre em Cena. Todos os alunos deveriam escrever uma crítica do espetáculo A comédia dos erros. Rodrigo, já licenciado em Letras e quase bacharel em Cinema, resolveu usar a ferramenta blogspot para mostrar para os colegas o seu texto, que também poderia se acessado pelos atores do grupo e demais interessados. Os acessos ao blog levaram a outros espetáculos: hoje, somam 150 textos publicados num espaço virtual sem nada que não sejam críticas teatrais. Com mais de trinta e cinco mil acessos, nesses dois anos, o blog é referência para trabalhos de conclusão e artigos acadêmicos, além de ter sido um dos objetos de pesquisa da dissertação de mestrado da jornalista Helena Mello: Aspectos da crítica teatral brasileira na era digital.

Jurado dos Troféus Açorianos e Braskem, Rodrigo conta que a tarefa de assistir à todas as peças não lhe assustou: “Eu assisto a tudo e sempre com o mesmo olhar. Para a análise que faço, não pode me interessar se é o décimo ou o primeiro trabalho de tal diretor, se é a estreia ou a centésima apresentação do espetáculo, se é um monólogo, um musical ou teatro experimental. A mim, me importa que é um evento pelo qual alguém saiu de casa preparado para ver, que começaria em tal hora e em tal lugar. Sou um espectador e, para nós da plateia, de um modo geral, importa pouco o que aconteceu com a peça antes de chegar a hora da apresentação.”

Em 2010, Rodrigo foi convidado pela Coordenação do Porto Alegre em Cena para abrir e coordenar o blog da 17ª edição - O blog POAEMCENA.BLOGSPOT.COM trouxe críticas teatrais de todos os espetáculos participantes desse evento. Com mais de dez mil acessos, os cento e cinqüenta textos foram escritos, além de Rodrigo, por 73 pessoas convidadas por ele, a maioria delas artistas e técnicos da classe teatral porto-alegrense.

Ele acredita que não há opinião que possa ser desmerecida antes de ser dita. O leitor, esse sim, vai pular o texto que não lhe interessa ler e vai dar atenção e refletir sobre o que disse a pessoa cuja formação lhe é importante. Isso é democracia.

A troca de informações, o retorno, a reflexão são bases para a crítica. E todos são convidados a fazê-la, a dar um passo além do seu aplauso ou do seu cruzar de braços ao fim da peça, e se tornar crítico, isto, refletir o porquê do aplauso ou o porquê do cruzamento de braços. Esse é o convite do Rodrigo Monteiro: compartilhar suas opiniões e engrandecer o teatro gaúcho, palco que traz muito orgulho ao nosso país e, cada vez mais, ao nosso mundo.

E a sua dica é o espetáculo Clube do Fracasso da Cia Rústica de Teatro, que estará em cartaz somente até amanhã às 20h no Estudionave, que fica em um casarão/loft tombado na Álvaro Chaves, nº 34.

Assistam, critiquem, analisem, curtam e mais que tudo, aproveitem... e tenham todos um ótimo fim de semana com muito amor e arte, Um beijo da Deborah!

Entrevista de Débora Finocchiaro com Rodrigo Monteiro na Band (FM99,3).

sábado, 30 de outubro de 2010

Crítica Literária

A tarefa crítica tem diante de si um objeto concreto: a obra literária. Esta pressupõe a atividade de um sujeito criativo: o escritor/poeta. Este tem à sua frente um destinatário indefinido: o leitor. Em princípio, portanto, há três figuras em jogo: o autor, a obra, o leitor. O crítico, naturalmente, não pode ignorar nenhum dos três. O menosprezo de um – e o conseqüente privilégio do outro – foi o responsável pela falácia das concepções críticas do passado: privilégio do autor – o erro da crítica biográfica; do leitor – o erro da crítica impressionista; da obra – o erro da crítica formalista em geral, como a estilística, a semiologia, o estruturalismo etc.
O autor é, antes de mais nada, um indivíduo histórico concreto,
nascido numa determinada época, numa determinada sociedade, com uma estrutura econômica, uma organização política, um sistema jurídico que condicionam sua existência desde antes do seu nascimento e aos quais ele não pode fugir. Ele pode modificar esses elementos, mas qualquer ação nesse sentido já está previamente condicionada pela própria ação que esses elementos exerceram/exercem sobre ele. Noutras palavras: ele tem que agir sobre a sua sociedade com os instrumentos fornecidos por essa própria sociedade, ou seja, por seu momento histórico.
Como escritos, esse indivíduo deverá ter:
a) uma determinada maneira de combinar as palavras no verso/frase – vinculada a um desejo de atingir a perfeição;
               
b) um determinado modo de ver o mundo – vinculado a um desejo de comunicar essa mundividência a um público universal;
c) um certo ideal de comportamento – vinculado a um desejo de incorporar ao padrão de vida do seu público a sugestão de mudança implícita em seu texto.
Da mesma maneira, a obra é um objeto concreto, produzida num determinado momento e só produzível naquele determinado momento. Ela organiza três macro-elementos internos desdobrados em diversos micro-elementos que se potencializam em múltiplas relações:
um tema – sempre referido a um problema humano, ponto de partida da criação, fornecido pelo meio;
uma forma – estruturação estetizante desse problema, conferida pelo autor;
a linguagem – instrumento literário de abordagem do problema do humano, recebida e modificada pelo escritor, e que, por isso, participa da natureza comunitária do tema e da natureza individual da forma.
Reunindo esses três elementos, a obra traz em seu corpo as marcas identificadoras tanto da época quanto do autor que a produziu, ou seja: uma dimensão coletiva, presente na linguagem e no tema; uma dimensão pessoal, presente na linguagem e na forma. Uma vez publicada, esse movimento sociedade-autor se reverte e se transforma em obra-sociedade: assim, como a sociedade agiu sobre o autor, através dos condicionamentos históricos, o autor passa a agir sobre a sociedade, através da obra publicada.
Para tanto, a arte exige de toda obra pelo menos três requisitos indispensáveis:
interesse – que está em seu conteúdo: a importância que este apresenta para atrair e prender sucessivas gerações de leitores por tempo indeterminado, e que será tanto mais interessador quanto mais atual for o problema humano que o consubstancia;
eficácia – que está na sua forma: o poder necessário para reproduzir o interesse, diretamente vinculado ao talento do escritor;
permanência – que resulta da união do interesse do conteúdo e da eficácia da forma, para superar os limites originais e originários de tempo e espaço da obra, já que nenhum escritor se afirma como agente cultural se sua obra morrer com ele.
O leitor é um contemporâneo ou póstero do autor, que procura a obra com uma necessidade dupla: informar-se e/ou aprazer-se, baseado em dois princípios universais, comuns a todo homem normal – o princípio de saber e o princípio de fruir. Todo homem normal deseja ter conhecimentos e prazeres, e a obra literária é uma fonte de satisfação a esses dois desejos.
Diversos do conhecimento científico/filosófico, que é mais objetivo, e do prazer material, que é mais universal, o conhecimento e o prazer artísticos variam de autor para autor, de leitor para leitor, segundo as disposições anímicas de um e de outro no momento da escritura e da leitura e podem assumir as mais diversas formas: o conhecimento pode se transfigurar em incentivo, persuasão etc., e se define na ampliação da mundividência; o prazer, em comoção, consolo etc., e se define no refinamento da sensibilidade do leitor, fundidas as duas conseqüências na humanização do universo – finalidade última de toda prática cultural.
Aí temos caracterizadas brevemente as três figuras que pré-existem à tarefa crítica. Mas o objeto imediato dessa tarefa é a obra: a constituição do autor e as reações do leitor só interessam na medida em que iluminem ou acrescentem o ser da obra.
Se esta é uma reunião de tema-forma-linguagem, exigindo intresse-eficácia-permanência, somente realizada no contato com leitor, a tarefa crítica deve tomar a obra e vê-la:
1) em seus recursos instrumentais, ou seja: a sua expressão – o conjunto de processos lingüístico-estéticos de que se serviu o autor para literatizar a sua visão de mundo;
2) em sua visão de mundo, ou seja: a sua ideologia – o conjunto de posições  culturais que o autor assume, tanto ao nível da consciência quanto da inconsciência, sobretudo a partir das colocações denotativas;
3) em sua atuação sobre o leitor, ou seja: a sua repercussão psico-social – o conjunto de efeitos produzidos pela obra sobre o leitor e sobre a sociedade, verificáveis em depoimentos pessoais ou em fatos históricos.
A análise dos recursos instrumentais foi o reduto privilegiado de todas as teorias e críticas esteticistas: reduzindo a obra literária à dimensão artesanal do "estilo", essa crítica fechou os olhos à fermentação ideológica e à repercussão social do poema. A área instrumental é a dimensão essencial da obra – o seu reduto ontológico – mas a focalização dos seus atributos não pode ultrapassar o nível da instrumentalidade: pois o autor se serve desses recursos literatizantes exatamente como meios para a estetização de sua ideologia. Donde se deduz que restringir a crítica a esses elementos constitui uma atitude nitidamente contra-ideológica: contornar a ideologia para retirar o real de discussão e evitar a repercussão histórica da obra.
Uma crítica mais ampla verá esses atributos literários em sua funcionalidade estética, ou seja: dando vida poética ao problema humano que eles literatizam. Aqui, a ideologia do autor aparece transfigurada exatamente pelo procedimento literatizante a que é submetida, donde resulta uma ideologia sem a restritiva coloração política que o termo assumiu depois do lançamento do repto marxista, mas no seu sentido pleno de conjunto de idéias a orientar o comportamento do indivíduo que as formula. Só não se confunde com a última de toda prática cultural.
Mas uma crítica verdadeiramente totalizante não poderá deixar de investigar a repercussão da obra analisada, desde seu espaço imediato (a sociedade onde nasceu e a que ela se dirige) até o seu espaço possível (ou seja: o próprio planeta). Evidentemente, o crítico não tem como investigar o efeito individual da obra sobre cada leitor isolado, mas pode observar a reação coletiva dos leitores após a leitura, como no caso daqueles livros que provocarem revoluções e que alteraram o rumo da história. Quanto mais ampla for a área de propagação do efeito desta obra, tanto maior será a sua significação para a humanidade. No caso de obras do passado, já reconhecidas pela tradição, a própria História fornece os dados para a avaliação. Os exemplos são muitos: desde Homero, com sua influência na formação de uma mentalidade grega, passando por Camões, com seu apelo à resistência nacional, até os mais diversos escritores contemporâneos, empenhados – os representativos do nosso tempo – em persuadir o leitor a um combate direto pela humanização do presente.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Entrevista realizada por Zé Antônio Vargas com Rodrigo Monteiro.

01 - Como jornalista, o processo de uma crítica teatral, me parece, às vezes, bastante "inicial" e, nem sempre objetivo. Que audiência, de fato, você pensa em atingir?


Eu escrevo para o meu próprio blog, espaço virtual esse que eu mesmo criei e coordeno. Não há, assim, uma política de publicação dos textos que seja anterior a mim. Não penso que possa haver, de fato, um público alvo para os textos publicados num blog. Primeiro, porque eles podem ser acessados em qualquer país do mundo. Segundo, porque o acesso pode ser feito a qualquer hora ou dia. Se você digitar no Google um espetáculo teatral sobre o qual eu tenha escrito, o link para o meu blog vai aparecer não importando se o texto foi escrito ontem ou há dois anos. Sem falar que sabemos todos que interessados lêem textos na internet quando estão fazendo uma pesquisa. Uma vez, uma aluna de dramaturgia do Rio de Janeiro me mandou um email, porque ela estava querendo fazer um espetáculo sobre o qual não encontrava nada até ler o meu blog. Nesse sentido, é bobo não dizer que gosto que aqueles que estão próximos a mim leiam os meus textos, mas não posso escrever para eles apenas.

02 - De algum modo, a figura do crítico é vista como "o algoz". Você acredita ou percebe essa visão de quem está do outro lado? E isso te incomoda?

Minha primeira formação é como professor. Com uma pilha de provas na mão, todo o professor sabe o quão cheia de meandros é a relação com seus alunos nesse momento do ensino. Ninguém reage naturalmente a uma avaliação, seja ela feita por um especialista ou por qualquer um. É claro que sinto que a relação comigo se modifica quando me encontram na plateia ou ficam sabendo que eu fui assistir ao espetáculo, mas, felizmente, nem sempre é ruim. O retorno dado é visto por muitos como positivo, seja ele como for. Afinal, é um outro olhar, a visão de alguém que está totalmente de fora do processo.

03 - Do day-after da crítica, é lugar comum se ouvir: "tudo bem se fosse uma análise construtiva". Como você recebe esse tipo de réplica?

Recebo como natural. Nunca vi um aluno ficar feliz porque tirou uma nota baixa. E nenhum ator ou diretor vai ficar feliz quando recebe uma crítica negativa. Eu não me sinto bem quando fazem uma avaliação negativa da minha crítica também. O importante é mantermos a relação não entre pessoas, mas entre trabalhos (sejam eles pagos ou não). Depois de dois anos, eu acho que já houve tempo para a classe perceber que eu não tenho nada contra a pessoa de alguém até porque já falei mal e já falei bem de trabalhos da mesma pessoa. Eu jamais saio de casa certo de que vou ver algo ruim. Se saio, é porque tenho a esperança de me divertir, de gostar do que vou ver. E fico muito feliz em escrever uma crítica positiva. Quem não gosta de ver uma boa peça de teatro?

04 - Por que você escolheu escrever sobre o teatro?

Eu já escrevia sobre teatro quando estava no Curso de Letras. Escrevia e mandava por email para as pessoas que eu conhecia. Não sei porque o teatro especificamente, afinal poderia escrever sobre literatura e sobre cinema, sendo graduado nas duas faculdades. Talvez, o teatro tenha me escolhido. Me sinto muito bem sentado na plateia esperando para começar uma peça. E meus textos são uma forma de agradecer ao teatro a oportunidade de sentir esse prazer, ou uma reclamação a ele por não tê-la sentido.

05 - A opinião do crítico, sem exageros, é entendida por muitos no meio teatral como uma espécie de arauto. Que leitura você faz disso?

É uma visão mofada. Nesse último Porto Alegre em Cena, além de mim, setenta e duas pessoas foram convidadas a escrever sobre as peças a que assistiram e ter seus textos publicados no blog do evento. Não pode haver essa quantidade de arautos numa cidade só. Mas, com certeza, cabem bem mais visões diferentes sobre os espetáculos teatrais que ocupam os nossos palcos. A minha é apenas uma e jamais deve ser considerada como melhor do que a de outra pessoa. Essa avaliação é subjetiva e eu sinto isso na pele todos os dias em que ouço comentários sobre as minhas críticas. Exatamente aquelas pessoas que me felicitam quando eu escrevo positivamente, falam mal de mim quando eu escrevo negativamente. O segredo é ouvir com atenção o que dizem de você e sobre o seu trabalho, mas só levar em consideração aquilo que, a partir dos seus próprios valores, achares que vale a pena.

06 - Hoje, qual é a saúde do teatro gaúcho? Talentos, iniciativas, arroubos, escolas, etc.?

O teatro gaúcho vai muito bem, obrigado. Concorrem ao Troféu Açorianos desse ano, mais de trinta e cinco espetáculos de teatro adulto. Fora os espetáculos infantis, de dança, estudantis e aqueles que já concorreram em anos anteriores ou concorrerão no ano que vem e estão por aí se apresentando. A cidade tem grandes talentos, grupos bastante sérios, artistas que dão orgulho para o estado. Em contrapartida, tudo isso fica em contraste com a situação horrível das nossas salas de espetáculo e a nossa imprensa. Os teatros públicos estão em estado decadente e precisando de reformas. Os privados têm aluguéis altíssimos. E a imprensa gaúcha deixa muito a desejar. Palmas apenas para o Jornal do Comércio, que mantém o Prof. Antônio Hohlfeldt e o Jornalista Hélio Barcellos Jr. a escrever sobre teatro semanalmente. Os demais dão tanto valor às estreias gaúchas quanto aos shows internacionais, sendo que os primeiros ficam meses em cartaz e os segundos ficam apenas um final de semana quando muito. O Segundo Caderno da Zero Hora é dividido entre muitas áreas e o teatro gaúcho, tão rico, não tem o espaço necessário além de merecido. Os outros jornais, O Sul, Correio do Povo e Diário Gaúcho, nem lembram que o teatro existe. Diante disso, vem minha indignação quando vejo uma produção que não está à altura da luta da sua própria classe em conseguir maior espaço. Assim como o cinema brasileiro, há muitas pessoas que não gostam do teatro gaúcho. E por quê? Porque, quando alguém os arrastou para ver, a elas foi apresentado um espetáculo que demorou para começar, os figurinos e os cenários eram improvisados, as interpretações sem estudo, a trilha sonora retirada de filmes... Quando vejo algo assim, me sinto desrespeitado. E os atores/diretores gostam de dizer que o crítico os desrespeita, mas deixam passar desapercebida a reflexão sobre: “será que nossa produção não está desrespeitando o público e os nossos colegas?”

07 - Quando assisti à montagem do Nelson Diniz e da Liane Venturella para “O Gordo e o Magro Vão Para o Céu", entendi, naquele momento, que um tanto de vanguarda, ainda que a mesma de ontem, e um certo "cabecismo" seriam sempre oportunos. O que te surpreende ou no que você quer ser surpreendido, ainda?

Talvez como um bom capricorniano, surpresas me assustam. Das que gosto, são quando diretores cujos espetáculos anteriores foram bastante ruins, finalmente, produzem uma bela peça. Aí fico radiante! Porque é preciso sempre dar crédito para o artista, afinal, bons artistas nunca são mesmo compreendidos em seu tempo. O que mais admiro em Porto Alegre é que aqui há lugar para todos: Há quem faça teatro clássico, o teatrão... Há quem gosta de experimentações narrativas. Há Shakespeare, Brecht e Moliére. Há teatro de rua. Há bons dramaturgos locais (Diones Camargo, Maria Madureira, para citar apenas dois).E há o bom e velho teatro comercial: as comédias, os stand up comedies, as peças consagradas do teatro infantil. Desde que seja bem feito, isso é, produzido dignamente, com aprofundamento, reflexão, cuidado e honestidade, todas as produções são bem vindas. E o preconceito é algo muito ultrapassado felizmente.

08 - Você voltaria atrás em alguma crítica que já tenha feito?

Não, porque voltaria em todas. O Rodrigo que assistiu a uma peça hoje não será o mesmo amanhã e não se expressará do mesmo jeito amanhã. A avaliação é um fato baseado num instante. Muda-se o instante, muda-se o fato, é outra avaliação. Mas quem acompanha o blog sabe que, hoje, já não escrevo mais como escrevia anteriormente.

09 - Porto Alegre e o teatro:
A capital brasileira que sedia o maior festival de artes cênicas do planeta precisa valorizar mais o seu teatro. De um lado, os teatros precisam estar melhores preparados: bilheteria funcionando regularmente para a compra antecipada de ingressos, sala de espera confortável, divulgação ampla, além dos recursos necessários às produções. De outro, o público acorrendo às peças, valorizando os seus artistas. De um modo geral, orgulhosamente, os grupos fazem a sua parte produzindo, em grande maioria, excelentes peças!

09 - Por que morar em Porto Alegre?
Porque gosto do teatro daqui, da gente daqui, dos parques, das ruas, dos bares, dos restaurantes, do clima daqui. Gosto da casa onde vivo, dos amigos que tenho e das coisas que faço.