segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Relato sobre o espetáculo do grupo francês Les Matapeste


A proposta do grupo é trabalhar com o Clown. A história é simples e direta: um pai quer arranjar uma noiva para seu filho. Este é o mote que servirá, desde os primeiros momentos, para o estabelecimento de um jogo de cumplicidade e interação com a platéia. Dela extrai-se a noiva, o padre e todos os convidados da cerimônia, enquanto que os atores se revezam em diferentes papéis da família do noivo.
Aos poucos as figuras vão capturando, pela simplicidade e ingenuidade, a atenção do espectador, enquanto apresentam figuras de extrema poesia e comicidade: a mãe, que vê na futura nora uma rival; o irmão do noivo, que fica interessado na futura cunhada; e a prima, que mantém uma paixão platônica por ele. Essa última figura foi a que mais me impressionou, seu semblante patético, que mesclava dor e encantamento, seus movimentos leves e em suspensão, seu figurino infantilizado provocou-me sentimentos de consternação e pesar, aliados, paradoxalmente, ao riso. A situação daquela figura transitava entre o cômico e trágico, subvertendo algumas vezes o riso do público em um ato de agressão.
Se por um lado o jogo dos atores com o público se mostrava estimulante, o mesmo não se pode dizer dos elementos de cena, que na sua maioria, pareciam improvisados, de um acabamento primário, que destoavam do jogo refinado dos atores.

Rodrigo Ruiz - Professor do Departamento de Artes Cênicas da UFRGS
http://www.clownsmatapeste.com/




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